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Em Novembro de 2020 tive esta conversa com a Susana Carreiras. A Susana vive na selva peruana a cerca de 9000 kms de distância de Portugal. A importância do trabalho desta designer nascida em terras minhotas está na proximidade que estabeleceu com as comunidades indígenas, com a sua história, cultura, hábitos e vivências ancestrais.
Um dos principais projectos que a Susana tem em mãos é a realização de um dicionário de símbolos Shipibo-Konibo. Um trabalho de pesquisa e investigação ao longo do rio Ucayali na floresta amazónica.
Sabemos que o mundo está cada vez mais formatado e concentrado na parcialidade de um pensamento tipo. É, também por isso que sinto que este é um testemunho de enorme valor.
Não havendo uma opção mais válida do que outra, claro, a acção da Susana mostra-nos como o alcance do design está muito para além da espuma dos dias das identidades visuais e dos kernings desta vida.
Bio:
Susana Carreiras nasceu em Viana do Castelo em 1990. É licenciada em Design de Comunicação pela ESAD-Matosinhos.
Entre 2005-2013 desenhou peças gráficas para as promotoras musicais Lovers and Lollypops e Amplificasom. Em 2015 colaborou com o estúdio de serigrafia e gravura Tintaentera em Zaragoza e fez parte de um atelier feminista no Centro Social Okupado Kike Mur. Em 2017 com Inés Ballesteros deu um workshop de fanzines no Festival Feminista do Porto. Entre 2016-2017 trabalhou como designer gráfica no centro de investigação esad—idea em Matosinhos onde ganhou experiência com montagem de exposições na Casa do Design; foi assistente editorial de José Bártolo na edição da revista PLI N.º 6; desenhou o livro Carlos Queiroz - Retrato de um poeta feito pelos seus amigos de Maria Bochicchio; e o catálogo da exposição Alberto Carneiro 1937–2017. Em colaboração com Inês Nepomuceno destaca-se o desenho do livro A biorregião Urbana de Alberto Magnaghi, a monografia Pádua Ramos; e a imagem das exposições: Play-Time, Design Industrial para a Vida Moderna; Discos Orfeu 1956—1983 - Imagens, Palavras, Sons; e a imagem da Design Objects Conference. Ainda em 2017 com João Faria desenhou o livro comemorativo do Festival Curtas Vila do Conde: 25 Anos, 25 Histórias. Em 2018 mudou-se para a Amazônia Peruana, onde vive e coordena um projeto de empoderamento juvenil na Ong Alianza Arkana dando aulas de design e obra gráfica a um grupo de jovens artistas indígenas Shipibo-Konibo. É nos grafismo [kené] e na cultura dessa etnia que enfoca a sua investigação e reafirma o papel do designer enquanto investigador e produtor de conteúdos trabalhando em co-autoria com os nativos destas comunidades naquilo que será um dicionário de símbolos Shipibo-Konibo.
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